A Aprendizagem do Sistema de Numeração e dos Cálculos Básicos em Matemática na Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Introdução

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade que visa promover a inclusão educacional de indivíduos que não tiveram acesso à educação formal na idade apropriada. Dentre os desafios enfrentados por esses estudantes, destaca-se a aprendizagem do sistema de numeração e dos cálculos básicos em Matemática. Este artigo explora a trajetória de estudantes da EJA, suas experiências, desafios e transformações, especialmente no contexto de suas ocupações e responsabilidades sociais.

Contexto dos Estudantes da EJA

Estudantes sem Experiência Escolar

Muitos estudantes da EJA nunca frequentaram uma sala de aula. No entanto, têm um vasto conhecimento prático que adquirem por meio de suas vivências cotidianas. Esses alunos, muitas vezes, trabalham em profissões como pedreiros ou autônomos, onde utilizam a matemática de forma intuitiva, embora possam não dominar os conceitos formais. O desafio é traduzir essa experiência prática em conhecimento acadêmico. Segundo o estudo de Pereira (2017), essa transição é crucial para que possam entender e aplicar conceitos matemáticos no cotidiano.

Estudantes que Trabalham com Cálculos

Estudantes que trabalham com com cálculos, como pedreiros, frequentemente lidam com medidas, orçamentos e estimativas, utilizando, portanto, habilidades matemáticas em suas atividades diárias. Por outro lado, aqueles que atuam de forma autônoma na compra e venda de produtos e serviços precisam calcular preços, lucros e perdas. A literatura aponta que muitos deles desenvolvem um conhecimento tácito de matemática, que, quando sistematizado, pode ampliar suas oportunidades (SOUZA, 2020).

Comparação com Estudantes do Ensino Regular

Enquanto estudantes da EJA lidam com inúmeras responsabilidades, como trabalho e família, os alunos do ensino regular geralmente têm um foco mais dedicado à aprendizagem. As diferenças são evidentes: os estudantes da EJA muitas vezes têm horários mais restritos e maiores pressões financeiras e emocionais. Conforme analisado por Silva e Gomes (2019), esses fatores podem impactar negativamente sua capacidade de absorver conteúdos matemáticos. Por exemplo, a fadiga e a falta de tempo podem dificultar a realização de exercícios em casa.

Métodos de Aprendizagem

Diversos métodos têm se mostrado eficazes na EJA. A abordagem contextualizada, que relaciona a matemática com situações do dia a dia, é uma das mais promissoras. Programas que utilizam a metodologia de ensino colaborativo e projetos interdisciplinares também têm obtido sucesso. Barros (2021) relata casos em que a aplicação de problemas reais do cotidiano dos alunos, como calcular a quantidade de material necessário para uma obra, facilitou a aprendizagem.

Transformações de Vida

Muitos estudantes que completam a EJA relatam transformações significativas em suas vidas. Um exemplo é o caso de João, um pedreiro que, após concluir seus estudos, conseguiu abrir seu próprio negócio. Com um melhor entendimento de finanças, ele não só aumentou sua renda, mas também melhorou a gestão de sua empresa. O relato de João está alinhado ao que descreve Cavalcante (2018), onde a educação se torna uma ferramenta de empoderamento e melhoria de qualidade de vida.

Importância da EJA na Aprendizagem da Matemática

A EJA desempenha um papel fundamental na inclusão de estudantes no sistema de ensino formal, proporcionando uma nova perspectiva sobre o aprendizado de matemática. A familiarização com conceitos matemáticos formais ajuda esses indivíduos a tomar decisões mais informadas em suas vidas pessoais e profissionais. Além disso, a EJA permite que os estudantes desenvolvam habilidades críticas que são essenciais para o exercício da cidadania (MARTINS, 2020).

Prognóstico Futuro para a EJA

O futuro da EJA depende de investimentos contínuos e políticas públicas eficazes. A educação de adultos deve ser vista como uma prioridade, considerando o impacto social e econômico que a formação educacional pode gerar. É essencial que haja uma valorização do docente e a implementação de metodologias que atendam às necessidades específicas desse público (ALMEIDA, 2022).

Importância do Investimento Público

O contínuo investimento público na EJA é vital para garantir que esses estudantes tenham acesso a uma educação de qualidade. Estudos mostram que o financiamento adequado resulta em melhores condições de ensino, formação de professores e materiais didáticos, contribuindo assim para a melhoria dos índices de aprendizagem em matemática (COSTA, 2023). Além disso, um investimento robusto pode aumentar as taxas de conclusão, promovendo uma sociedade mais justa e igualitária.

Conclusão

A aprendizagem do sistema de numeração e dos cálculos básicos em Matemática na EJA é um processo complexo, influenciado por fatores sociais, econômicos e pessoais. Embora os estudantes da EJA enfrentem desafios significativos, é possível observar que com os métodos de ensino adequados, muitos conseguem transformar suas vidas. O fortalecimento da EJA, por meio de políticas públicas e investimentos, é essencial para garantir que mais jovens e adultos tenham a oportunidade de desenvolver habilidades matemáticas que impactarão positivamente suas vidas e suas comunidades.

Referências

ALMEIDA, R. (2022). Desafios e perspectivas da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Revista Brasileira de Educação, 27(2), 345-360.
BARROS, L. (2021). Metodologias Ativas na EJA: Um Estudo de Caso. Educação e Realidade, 46(1), 111-126.

CAVALCANTE, M. (2018). Educação e Empoderamento: O Papel da EJA na Transformação de Vidas. Cadernos de Educação, 14(3), 77-89.

COSTA, F. (2023). Investimento Público e Educação de Jovens e Adultos: Uma Análise Crítica. Educação e Sociedade, 44(3), 289-307.

MARTINS, P. (2020). A Importância da EJA para a Cidadania e a Inclusão Social. Educação e Cidadania, 10(2), 50-65.

PEREIRA, J. (2017). Matemática na EJA: Teoria e Prática. Estudos de Educação, 15(4), 23-39.

SILVA, T., & GOMES, R. (2019). Dificuldades de Aprendizagem em Matemática: Um Estudo com Estudantes da EJA. Revista de Pesquisa Educacional, 29(1), 100-115.

SOUZA, A. (2020). Matemática no Cotidiano: A Experiência de Estudantes da EJA. Jornal de Educação, 18(2), 95-108.