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Foto do escritorIsaque Pers

Acordo Mercosul-União Europeia: O Que Está em Jogo para o Brasil e os Impactos no Comércio Global

Após mais de 20 anos de negociações, o Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia (UE) promete criar a maior zona de livre-comércio do mundo. Apesar do entusiasmo de alguns setores, o tratado também levanta preocupações, especialmente em relação à indústria brasileira e às questões ambientais.



O que é o acordo Mercosul-União Europeia?


O tratado prevê:


  • Redução ou eliminação de tarifas: Acordo para zerar gradualmente os impostos de importação e exportação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os blocos.


  • Facilitação de investimentos: Regras para estimular o comércio de bens, serviços e investimentos.


  • Compromissos ambientais: Cláusulas que vinculam o acordo à preservação do meio ambiente e à redução do desmatamento, especialmente na Amazônia.


Se implementado, ele conectará dois blocos com economias complementares. Enquanto o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) é forte em commodities agrícolas, a UE lidera em tecnologia e produtos industrializados.



Quem ganha e quem perde?


Beneficiados:


  1. Agronegócio:

    • Setores como carne, soja e frutas serão altamente beneficiados pela abertura do mercado europeu, que consome grandes volumes de produtos agropecuários.


  2. Exportadores de commodities:

    • A redução de tarifas permitirá maior competitividade no mercado europeu, especialmente para produtos brasileiros.


Prejudicados:


  1. Indústria brasileira:

    • Com a entrada de produtos europeus com menor custo e maior qualidade, indústrias locais, como a de automóveis e medicamentos, podem enfrentar dificuldades.


  2. Pequenos agricultores:

    • Enquanto grandes produtores se beneficiam, pequenos e médios agricultores podem enfrentar desafios para competir no mercado internacional.


Prós do acordo


  • Acesso ampliado ao mercado europeu: O Brasil poderá vender seus produtos para 27 países com tarifas reduzidas, potencializando a geração de divisas.


  • Atração de investimentos: O acordo pode atrair empresas europeias para se instalarem no Brasil, criando empregos e movimentando a economia.


  • Estímulo à sustentabilidade: As cláusulas ambientais pressionam o Brasil a adotar práticas mais sustentáveis, o que pode melhorar sua imagem no exterior.


  • Integração global: O acordo posiciona o Mercosul como um parceiro estratégico no comércio global.


Contras do acordo


  • Pressão ambiental: Países europeus podem condicionar o tratado a uma redução imediata no desmatamento, o que gera tensões políticas internas.


  • Impacto na indústria nacional: Produtos industrializados europeus podem sufocar setores que já enfrentam desafios, como o têxtil e o metalúrgico.


  • Dependência econômica: A concentração em commodities pode aumentar a vulnerabilidade da economia brasileira às flutuações do mercado global.


  • Disparidades comerciais: Críticos apontam que a Europa ganha mais com a venda de produtos de alto valor agregado, enquanto o Mercosul exportará, em grande parte, matérias-primas.



O que o Brasil tem a ganhar?


  1. Crescimento do agronegócio: Estima-se que o setor pode movimentar bilhões de dólares adicionais por ano.


  2. Reconhecimento internacional: A assinatura do acordo reforça o Brasil como ator relevante no comércio internacional.


  3. Diversificação de mercados: O Brasil reduzirá sua dependência da China e dos EUA, equilibrando parcerias comerciais.



O futuro do acordo


O tratado ainda enfrenta obstáculos, como a resistência de países europeus preocupados com o desmatamento da Amazônia. Além disso, setores da sociedade brasileira questionam se os benefícios serão distribuídos de forma equitativa.



Fontes :


  1. Ministério das Relações Exteriores do Brasil.


  2. Comissão Europeia sobre o Acordo Mercosul-UE.


  3. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).


  4. Relatórios da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


  5. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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