EJA: Entre Avanços e Retrocessos – Como a Continuidade dos Estudos Pode Transformar Vidas
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é mais do que uma oportunidade de recuperação escolar; ela representa um meio de transformação pessoal e profissional para milhões de brasileiros que não tiveram a chance de concluir os estudos na idade regular. No entanto, um dos grandes desafios da modalidade é a alta evasão, que afeta diretamente o progresso e o aprendizado dos estudantes.
O impacto do afastamento na aprendizagem
Pesquisas mostram que estudantes que abandonam os estudos na EJA tendem a sofrer retrocessos significativos em habilidades como leitura, escrita e cálculos básicos. Esse fenômeno ocorre por diversos fatores, como:
Falta de prática constante: O aprendizado é reforçado pelo uso diário, e a ausência de estímulos pode levar à perda de habilidades.
Desafios socioeconômicos: Muitos alunos precisam priorizar o trabalho ou outras responsabilidades, dificultando o retorno à sala de aula.
Baixa autoestima: Sentimentos de vergonha ou fracasso escolar contribuem para a evasão e dificultam a retomada dos estudos.
Os perfis que mais evoluem no EJA
Entre os estudantes que conseguem progredir, destacam-se aqueles que possuem:
Forte motivação pessoal, como o desejo de ser um exemplo para os filhos ou de melhorar a posição no mercado de trabalho.
Apoio familiar: O incentivo de familiares desempenha um papel importante para que os alunos persistam nos estudos.
Maior maturidade: Alunos mais velhos tendem a valorizar mais o aprendizado, enxergando-o como uma ferramenta para realizar sonhos e superar barreiras sociais.
Depoimentos reais: histórias de superação e dificuldades
Marta Oliveira, 45 anos: Após abandonar a escola na 5ª série, Marta voltou a estudar através do EJA e concluiu o ensino fundamental. "Hoje, sou um exemplo para meus filhos. Concluir meus estudos foi o primeiro passo para abrir meu negócio próprio", conta emocionada.
João Silva, 27 anos: Por outro lado, João enfrentou dificuldades para conciliar trabalho noturno e estudos, resultando na evasão. "Me sinto preso, porque o mercado exige escolaridade, mas é difícil voltar", desabafa.
Por que a evasão persiste?
Estudos apontam que a evasão no EJA é multifatorial, influenciada por questões como:
Necessidade de trabalho e renda: Muitos estudantes enfrentam a difícil escolha entre estudar e sustentar a família.
Ambiente escolar inadequado: Escolas despreparadas para atender às demandas específicas da EJA contribuem para o desinteresse dos alunos.
Falta de políticas públicas eficazes: A ausência de incentivos financeiros, materiais e pedagógicos dificulta a permanência dos alunos.
Conclusão
O EJA é um espaço de resgate social e educacional, mas enfrenta desafios como a alta evasão e o impacto do afastamento no aprendizado. Para garantir que mais histórias de superação como a de Marta sejam possíveis, é essencial investir em políticas públicas que fortaleçam a permanência dos alunos, oferecendo suporte pedagógico e adaptando o ensino às realidades diversas dessa população.
Referências:
Editora Realize: análise dos desafios e avanços do EJA no Brasil.
Universidade Estadual da Paraíba: estudo qualitativo sobre perfis de estudantes e causas da evasão.
Repositório da UFPB: impactos da evasão e a importância do suporte escolar.
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