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Métodos e Teorias na Alfabetização de Jovens e Adultos: Desafios e Abordagens no Século XXI

A alfabetização de jovens e adultos (EJA) é um dos principais desafios educacionais no Brasil e no mundo. Este público, que não concluiu os estudos durante a idade escolar, enfrenta barreiras sociais, culturais e econômicas para adquirir habilidades básicas de leitura e escrita. Diversos métodos e teorias foram desenvolvidos para enfrentar esse desafio, com enfoques que variam da pedagogia tradicional a abordagens inovadoras.


Métodos de Alfabetização: Principais Abordagens


1. Método Fônico: Este método é baseado na associação entre sons e letras, enfatizando a decodificação de palavras. Utilizado tanto em crianças quanto em adultos, ele se concentra em ensinar os sons das letras (fonemas) antes de avançar para palavras e frases. O método fônico tem mostrado resultados promissores em termos de rapidez e eficiência na alfabetização, especialmente para alunos que nunca tiveram contato com a leitura e escrita.


2. Método Construtivista: Derivado das teorias de Jean Piaget, o construtivismo coloca o aluno como protagonista do aprendizado. No contexto da alfabetização de adultos, esse método promove o desenvolvimento da escrita e da leitura por meio de experiências cotidianas. O foco é menos na memorização de letras e mais na compreensão de como a língua funciona, incentivando os alunos a refletirem sobre suas próprias práticas de leitura e escrita.


3. Método Paulo Freire: Desenvolvido pelo educador brasileiro Paulo Freire, esse método é centrado na educação crítica e dialógica. A alfabetização, para Freire, vai além do aprendizado mecânico de letras e palavras: trata-se de conscientizar os indivíduos sobre seu papel no mundo, capacitando-os a transformar suas realidades. O método freiriano é amplamente utilizado em contextos de alfabetização de adultos em comunidades de baixa renda e zonas rurais, pois conecta o aprendizado à vivência dos estudantes, utilizando palavras e situações familiares a eles.


4. Abordagem Sociocultural: Baseado nas ideias de Lev Vygotsky, o enfoque sociocultural valoriza o contexto social e cultural do aluno. Essa abordagem reconhece que o aprendizado ocorre por meio da interação com outros e que as práticas de alfabetização devem estar integradas ao ambiente de vida do indivíduo. Para jovens e adultos, isso significa que o aprendizado é influenciado por suas relações de trabalho, família e comunidade.


Teorias da Alfabetização: Concepções e Influências


A alfabetização de jovens e adultos é sustentada por diferentes teorias que ajudam a moldar os métodos pedagógicos aplicados:


  • Teoria da Consciência Crítica (Paulo Freire): Paulo Freire defende que o processo de alfabetização deve promover a conscientização social, ajudando o aluno a ler o mundo ao seu redor, além das palavras. Essa teoria sugere que a alfabetização é um ato de empoderamento, fornecendo ao aluno as ferramentas necessárias para questionar e transformar sua realidade social.


  • Teoria Cognitiva (Piaget e Vygotsky): Sob a influência de Piaget e Vygotsky, esta teoria enfatiza o papel do desenvolvimento cognitivo e social no aprendizado. A alfabetização é vista como um processo contínuo, no qual os alunos constroem seu conhecimento com base em interações e experiências anteriores.


Desafios e Avanços na Alfabetização de Jovens e Adultos


O Brasil ainda enfrenta desafios significativos no combate ao analfabetismo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 6,6% da população brasileira acima de 15 anos ainda era analfabeta em 2023, o que equivale a aproximadamente 11 milhões de pessoas. A alfabetização de jovens e adultos, portanto, exige uma combinação de metodologias pedagógicas inovadoras e políticas públicas robustas.


No entanto, iniciativas como o Programa Brasil Alfabetizado e os esforços de organizações não governamentais têm avançado na promoção da educação para todos. Em 2024, uma pesquisa do Instituto Paulo Montenegro apontou que os índices de analfabetismo funcional têm caído em várias regiões, especialmente onde métodos mais dinâmicos e centrados no aluno foram implementados.


Conclusão


A alfabetização de jovens e adultos é um processo complexo que vai além do simples ensino de letras e palavras. É um ato de transformação social e cultural, onde cada método deve ser ajustado à realidade dos alunos. As teorias e abordagens discutidas mostram que não há uma fórmula única, mas sim uma gama de estratégias que, quando aplicadas com sensibilidade, podem promover a inclusão e o desenvolvimento de milhões de brasileiros.


Fontes:

  • Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido (1968).

  • IBGE, Dados de Analfabetismo 2023.

  • Instituto Paulo Montenegro, Pesquisa de Alfabetização Funcional 2024.

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